Generoso da Cuíca

Seja bem-vindo ao memorial Generoso da Cuíca, um incentivo do Instituto Cultural Vasco Carmano para preservar a memória deste importante músico que fez história no samba brasileiro.

 

A obra conta com três histórias genuinamente brasileiras, recontadas pelo ator Alexandre Camilo (que fez o personagem “Ventania”), que as escolheu depois de muita pesquisa nas obras do folclorista Câmera Cascudo. Um dos diferenciais do espetáculo são as tradicionais cantigas populares presentes durante as narrações, interagindo do início ao fim com os alunos. As crianças bateram palmas e cantaram junto com os personagens Dequinha (Paulinho Ribeiro) e Maria Flor (Didi Gomes). A interação entre literatura e música ajudou a recontar de maneira interessante, lúdica e dinâmica as histórias infantis.

Além das escolas, o projeto ainda realizou uma série de apresentações no Hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva, localizado na Vila Santa Rosa, em Cubatão. O objetivo foi entreter crianças doentes, levando-as um pouco da magia do teatro. O espetáculo foi exibido dentro da brinquedoteca do próprio hospital, um lugar que propicia um ambiente colaborador para que os pequenos esqueçam seus sofrimentos e aproveitem as histórias de Ventania e Cia. Capacitar os professores e estimulá-los a trabalhar com os contos em sala de aula foi também uma das preocupações do Projeto Pólen. A partir de oficinas culturais e um encontro com os próprios contadores de histórias, os professores puderam se conscientizar sobre a importância das histórias no desenvolvimento da criança.

E depois de tudo isso, o grupo teatral ainda realizou exibições abertas à comunidade cubatense, subindo quatro vezes no palco do Bloco Cultural “Dr. José Edgard da Silva”. Este trabalho teve a missão de fazer com que o projeto não atinja apenas às crianças, mas também aos pais e à comunidade em geral.

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A Vida

Generoso Bueno, nascido no dia 25 de junho de 1914, na cidade de Campinas, o terceiro filho do casal Luiz Bueno e Maria Benedita de Oliveira. Após vir para São Paulo com sua mãe em 1922 e como interno do Asilo Anjo Gabriel, no bairro da Liberdade, aprendeu as primeiras letras passando para o Grupo Escolar da Barra Funda, na Capital. Generoso chegou na cidade de Santos junto com a sua mãe na época da Revolução de 1924 e foi morar no Morro da Penha, em cima da chamada “Pedra Lisa”.

Ainda menino, estudou no Grupo Escolar Dr. Cesário Bastos, na Vila Mathias e começou a trabalhar como aprendiz de ilustrador, passando depois para servente de pedreiro da antiga Companhia de Construtora de Santos. Na época da Revolução de 1932 chegou a se alistar na Milícia Cívica de Santos, enquartelada no Grupo Escolar Dr. Cesário Bastos, Generoso também foi jornaleiro durante muito tempo no centro da cidade, até que em fins de 1939 tornou-se ensacador profissional, pois desde 1932 vinha fazendo este tipo de serviço e em 1955 aposentou-se por motivos de saúde. 

Casou-se pela primeira vez em 1938, com dona Helena Gonçalves Bueno, falecida em 1970, que lhe deu uma filha: Janete Bueno de Oliveira e um neto Odair Oliveira Bueno, e casou pela segunda vez com dona Evanildes Oliveira Bueno que deste casamento vieram três filhos Moisés, Marcelo e Magno.

 

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O Rei da Cuíca

Após se aposentar por ser portador de um tumor que o impedia de prosseguir suas atividades normais, Generoso Bueno passou a vender bilhetes de loteria e na mesma praça Barão do Rio Branco, em São Vicente, onde chegou a tocar cuíca várias vezes, reunindo um bom público. 

Desde muito cedo, Generoso Bueno gostava das batucadas e do Carnaval, começou a sua vida de sambista no Campo Grande, desfilou nos choros “Floresta”, “Tudo Branco”, “Aqui é Que Tem”, “Aborrecidos” e outros conhecidos  na década de 1930. Tornou-se  conhecido como rei do Samba “Ai Vem a Favela”, do Campo Grande, até que veio consagrar-se como rei da cuíca. 

Por volta de 1937, conheceu o famoso cuiqueiro Chico da Cuíca, do Rio de Janeiro, que estava se apresentando com uma companhia da revista em Santos. Na ocasião, Generoso foi aconselhado a trocar o tamborim pela cuíca. Seguindo a orientação do amigo que chegou a lhe ensinar alguns segredos do instrumento, fez uma cuíca de barrica com uma campãnula de metal em cima (a primeira que apareceu na Baixada Santista) e começou a tocar em festas, chegando posteriormente a se apresentar em cassinos, juntamente com as grandes orquestras tais como a de Mário Silva, Maestro Cipó, Luiz Agente e outras. 

Generoso Bueno foi o primeiro negro a atuar em cassinos na região da Baixada, tendo atuado no Cassino da Ilha Porchat, Cassino Atlântico, Cassino Guarujá e no Cassino do Parque Balneário, sendo que neste último ficou por 18 anos. 

Tendo como empresários Rubens de Moura Leite e Cabral Júnior, Generoso Bueno atuou  ainda em inúmeros clubes, boates da orla. Figurou igualmente como integrante da orquestra de Cabral Jr. Pepe e Gilberto, Paschoal Mellilo, Robledo, Arthur Cortopasse, Roberto Cesar e Silvio Mazzuca. Na fase áurea dos cassinos  acompanhou ainda de renome como Francisco Alves (O rei da voz), Orlando Silva (o cantor das multidões), Dalva de Oliveira, Herivelto Martins  e Nilo Chagas (Trio de Ouro), Gilberto Alves, Linda e Dircinha Batista, Isaurinha  Garcia, Caco Velho, Vasourinha, Blecaute, inclusive artistas internacionais como Cuquita Carballo.

 

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Troféu da Cuíca de Ouro

Na década de 1940, auge dos programas de auditório, Generoso Bueno apresentou-se em várias emissoras de rádio, como Atlântica, Clube e Record de São Paulo, participando posteriormente, já na década de 1950, de várias gravações com Rubens Peniche, Paschoal Mellilo, Mauricy Moura, Gentil Castro e Germano Mathias. 

Além do acompanhamento em orquestras, conjuntos e gravações, também se destacou como solista, chegando a ser considerado um dos maiores cuiqueiros do Brasil, uma vez que o instrumento não tinha segredos para ele, de onde arrancava notas musicais solando músicas e até hinos cívicos, como Hino Nacional. Com o correr dos tempos e a extinção dos cassinos, dos programas de auditórios, das grandes orquestras e conjuntos musicais e não se encontrando mais apoio por parte dos empresários, Generoso foi se afastando dos meios artísticos.

Antes disso, chegou a se apresentar no quadro “Vale Tudo”, do programa Silvio Santos, quando solou o “Cisne Branco”. De lá pra cá não se mais retornou aos palcos por motivos de doença que o impediu de “puxar” sua inseparável cuíca. Sua última grande consagração ocorreu em 1970, quando ganhou o concurso “Cuíca de Ouro”, promovido pela Escola “Império do Samba”  e com o apoio da Secretaria de Turismo, quando disputou com cuiqueiros de Santos e São Paulo, ganhando além do valioso troféu oferecido pela  Sectur, uma belíssima cuíca de ouro. Segundo Generoso, esse prêmio serviu como prova de que realmente dominava o instrumento.

Durante sua vida, Generoso Bueno desfilou ainda por várias escolas de Samba da Baixada, entre elas “Ai Vem Favela” do Campo Grande (1943 a 1945), “Vitória”, da Bacia do Macuco (fins da década 1940), “Brasil” (princípio da década de 1950) e por fim “Acadêmicos do Samba”, da Vila Margarida no bairro de São Vicente, onde morou durante o fim de sua vida.

Fonte: Jornal Cidade de Santos 

 

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